POR ALAIN OLIVEIRA B. R. GOMES
Construído por José Martins Pinheiro, o Barão da Lagoa Dourada, nascido em 12/11/1801, na cidade do Rio de Janeiro. Aos 22 anos de idade casou-se e veio morar em Campos. Com os seus trabalhos e ajuda de parentes, além da sua inteligência e perseverança fez fortuna em negócios, indústrias, fazendas de cana, café e criação de gado, além do engenho. Muito fez pelo desenvolvimento e prosperidade do Município. Foi Vereador e Juiz de Paz. À sua iniciativa devemos: a iluminação a gás, a Ponte Barcelos Martins e outras benfeitorias. Recebeu o título de Barão aos 66 anos de idade (no dia 0/01/1867). Em 1876, aos 75 anos de idade, comete suicídio. Para justificá-lo, alega-se, insolvências de seus negócios motivadas por não cumprimento de dívida de um amigo, cujo nome omitiu. Seus bens, fazendas em particular, em virtude de indisciplina dos escravos (em parte) não renderiam mais o suficiente para realizar amortizações e os juros da dívida, daí o gesto de desespero: joga-se da Ponte Barcelos Martins, que por sinal ajudara a construir.
O solar do Barão da Lagoa Dourada era, na época de sua construção, o prédio mais imponente e rico da cidade. Suas obras iniciaram-se em 1861 e seu término em 1864. No ano de 1880, foi criado com a aprovação das Comissões Governamentais de Instrução e Fazenda, o Liceu de Humanidades de Campos. Sem sede própria, funcionou em lugares provisórios, até que foi formada uma Comissão de Campistas com a finalidade de angariar fundos para a construção ou compra de um prédio para a instalação definitiva e condigna do Liceu de Humanidades. Com a quantia arrecadada, foi adquirido em hasta pública, o solar do Barão da Lagoa Dourada, que foi doado à Câmara Municipal em 28 de dezembro de 1883 e cedido ao Estado enquanto nele funcionar o Liceu de Humanidades por ser este colégio estadual. Teve o prédio inauguração comemorada a 13 de dezembro de 1884. Em certa época foi mudado o seu nome para Colégio Estadual de Campos, mas voltou à denominação conhecida Liceu de Humanidades. Comemorou centenário de fundação em 1980 e em 1984 completou 100 anos de instalação do antigo solar.
O prédio denota gosto neoclássico, possui dois pavimentos com um corpo central destacado e encimado por um largo frontão com óculo. Comporta telhado de quatro águas escondido por platibanda em ameias estilizadas.
Na fachada principal notam-se nove vãos por pavimento, três no corpo central, com arco pleno, e três em cada ramo lateral, com vergas retas e sobrevergas. No corpo central, notam-se ordenações toscana e composta no 1º e 2º pavimento respectivamente.
Horário de Visitação: De 2ª a 6ª feira das 14h às 16h.
2 comentários:
Esclarecimento em correção e colaboração. O Liceu de Humanidades de Campos nunca passou por sedes provisórias. Quando no início da década de 90 do séc. XIX esteve ele alojado no prédio da Câmara Muncipal de Campos e esta sediada no Palacete Lagoa Dourada, isso representou apenas uma troca de ocupação de endereço e de espaço, por desastrada decisão política e para atender velhas opiniões teimosas, felizmente tudo desfeito e devolvido a seu lugar, sem muito tardar. O dito Liceu Provincial de Campos(criado em 1844 para ter sede no Seminário N. S. da Lapa), ele, sim, é que viveu um período de sua existência em sede provisória (a saber, no consistório da igreja do Terço, a partir de 1847, ano de sua instalação). Em 1850 esse Liceu instalou-se enfim, como devido, no citado Seminário, mas nessa mesma década teve encerradas suas atividades por falta de alunos. O Liceu Provincial de Campos, é bom que se reafirme, nada tem a ver com o Liceu de Humanidades de Campos. São estabelecimentos distintos e têm histórias diferentes.Também devo acrescentar que ao ser comprado pelo povo de Campos o Palacete do Barão da Lagoa Dourada para sede do Liceu de Humanidades de Campos, o prédio não foi doado ao Estado, mesmo porque estávamos no regime imperial e não na República. O prédio foi doado, isso sim, à Cãmara Municipal de Campos, pela Comissão que representou o povo campista no ato de compra, se realizou em hasta pública em 12 de dezembro de 1883. No entanto, mesmo pertencendo à Câmara Municipal de Campos o prédio-sede do Liceu de Humanidades de Campos, todo encargo financeiro com manutenção do mesmo e também com pessoal a serviço do ensino era do Governo da Província do Rio de Janeiro,encargo com razão de ser, pois o referido Governo foi o ente que decretou a criação do educandário,na data de 22 de novembro de 1880.
Em meu comentário anterior, onde se lê "ato de compra, se realizou", leia-se: "ato de compra, o qual se realizou".
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