quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Solar da Baronesa


-Solar da Baronesa-
Por ALAIN OLIVEIRA B. R. GOMES

-Descrição-

O Solar da Baronesa têm característica bastante comuns aos Solares rurais fluminenses da primeira metade do século XIX. Possui uma localização privilegiada com fachada principal voltada para o rio Muriaé, por onde era feito originalmente o acesso ao sobrado de 24 cômodos, com capela interna dedicada à São Francisco.
Sua arquitetura é de estilo Neo- clássico, os elementos horizontais apresentam simetria e equilíbrio, sendo rigorosamente observados. Não há preocupações decorativas,o uso do arco só foi empregado no pátio interno e o uso de pedra, raro na região, foi substituído pela madeira.
O atual acesso principal do Solar, com terraço e escadas em linhas curvas onde se utilizou a pedra, lembra o terraço e escada do Asilo do Carmo, construído na mesma época. O conjunto é simples, inclusive com a ausência de detalhes decorativos para porta. Na fachada da lateral a linha dominante é a horizontal, queda a sensação de serenidade o repouso, onde as janelas e portas têm posições simétricas. No interior da sala o observa-se as grandes espessuras das paredes, que tinham e continuam a ter a função de larguras tem sustentação da construção. As tabuas do assoalho são de larguras tem espessas. Pinturas murais aparecem em algumas paredes e indicam influencia posterior, mas romântico. Os moveis são diferentes épocas e estilos.
A circulação ou corredor, tem pé direito elevado para permitir arejamento. Também as portas são altas, visando o mesmo objetivo, assim como as janelas nas extremidades que asseguram além do arejamento uma melhor iluminação. Estas têm as venezianas acrescentadas de guilhotina, tudo isso devido ao clima tropical.
As pilastras seguem ordem toscana (derivada de dórica) mais simples e praticas de executar e por isso muito adotada na época. A decoração atual da capela assinala apenas o local onde houve a capela original, revestida de azulejos. A escadaria interna em três lances, com balaustrado em ferro e corrimão em madeira são características do período.


-Histórico-

A ocupação da região conhecida como do baixo Muriaé, foi entregue como semearia aos padres Franciscanos que nela aldearam os índios Guarulhos.
O escritor e historiador “Couto Reis”, descreve em seu livro “Descrição Geográfica e Política e Cronológica do Distrito de Campos”-1785, que essa região do Muriaé apresentava excelentes variarias em terrenos altos, embora com longos brejais abundantemente em madeira e já bastante povoado de engenhos.
Por volta do ano de 1801, o português cap. Gerônimo Pinto Netto da Cruz, pai do futuro Barão do Muriaé, requereu e recebeu em semearias “meia légua de terra em quadra no sertão do Muriaé”. A fazenda conhecida como de São Francisco de Paula foi mais tarde a seu filho. A fazenda de Francisco de Paula se destacava das demais pela luxuosa casa residencial, o Solar da Baronesa, e pelo grande numero de escravos. O Solar ficou conhecido como “Solar da Baronesa” em virtude do seu proprietário ter cedo a sua ter vivido nela por mais vinte.
Têm-se conhecimento de que o proprietário da fazenda, o Manoel Pinto Neto da Cruz de Muriaé, conservava bem seus escravos e que por volta de 1834 contavam em numero de 500 mais ou menos, o que contribuía para a prosperidade da fazenda e onde nada faltava. Para tanto, em torno da casa principal ou seja, do Solar, e do engenho havia um conjunto de oficina de carpinteiro, ferreiro, sapateiro, alfaiate etc..
Quanto ao Sr. Manoel Pinto Netto da Cruz, veio a ser titular “Barão de Muriaé” no ano de 1847. Era casado com D. Raquel Francisca Ribeiro de Castro, que recebeu o titulo de Viscondessa em 1879. D. Raquel era filha dos Barões de Santa Rita, irmã da Viscondessa de Araruama e do Visconde de Santa Rita, portanto de família ilustre e blasonada.
O Barão e sua família muito contribuíram para a construção da igreja Santo Antônio, visto ter sido a anterior, no aldeamento dos índios, depois desabada. Contribuíram ainda alguns outros empreendimentos de ordem comunitária.
O Solar hospedou fidalgos por varias ocasiões e em seus salões realizou os mais famosos bailes e banquetes, com sarais musicais onde se ouvia musica italiana e modinhas do país. D. Pedro II, todas as vezes que visitou a cidade se hospedou no Solar. Inclusive no Solar Urbano, pertencentes ao aos Barões de Muriaé e que hoje é o quinto grupamento de incêndio. Mas era no Solar rural, que se realizavam os grandes e animados bailes, até mesmo improvisados, com banda de musica executando poucas, que por sinal muito agradavam ao Imperador.
Após a morte da Viscondessa de Muriaé, a fazenda ficou para sua filha Maria Antônia, casada com seu tio o Visconde de Santa Rita (irmã da Visconde Muriaé). Assim sendo, a fazenda foi incorporada ao Patrimônio da fazenda de Sapucaia, de propriedade do Visconde.
Com o passar do tempo e a mudança de donos, o Solar foi abandonado e entrou em processo de ruína, até que em 1963, o então proprietário da Usina de Sapucaia, o Dr. João Cleofas fez a doação dom prédio do antigo Solar, mãos uma porção de terras ao redor à Academia Brasileira de Letras, presidida pelo Dr. Austregésilo de Athayde e sob e gerência da professora Conceição Aparecida de Barros Balbi. À Partir dessa momento no ano de 1976, foram iniciadas as obras de restauração.
Em 1985 inicia-se a construção do Instituto Internacional de Cultura em linhas de Arquitetura Moderna, ao lado do Solar, prédio este que deverá abrigar a mais completa Biblioteca sobre Historia do Brasil. Só que obra se encontra parada.

-Localização: Situado às margens do Rio Muriaé- Rodovia Campos/Itaperuna.
-Tombamento: Pelo I.O.P.C em 19/07/1974- Proc. Numero 74, Inscr. Numero517, Livro das Belas Artes.
Situação Atual:Bom estado de conservação.

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